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Foto: Pedro Piegas (Diário)
Os bombeiros voluntários Emílio Dalmeyer, Dênis Gerbassi de Oliveira e Édison Friedrich
Um funcionário público estadual, um engenheiro civil, um cirurgião dentista e outros 24 voluntários das mais variadas profissões se uniram em torno de uma causa comum em Agudo: o trabalho de bombeiro. Por lá, como a sede dos bombeiros militares foi extinta, foi criada uma guarnição que trabalha de forma voluntária desde 2011.
Assim como Agudo, outras cidades que dependiam do trabalho de bombeiros de municípios vizinhos, também encontraram segurança na ação de voluntários, que conseguem agir mais rapidamente em casos urgentes. Na região de cobertura do Diário, Tupanciretã, Faxinal do Soturno e Paraíso do Sul também contam com esses grupos dispostos a ajudar sua própria comunidade. Nesta segunda-feira, dia 13 de julho, conforme uma lei estadual, comemora-se o Dia do Bombeiro Voluntário.
Em Agudo, o grupo é dividido em equipes de quatro ou cinco pessoas que são responsáveis pelo plantão em cada semana. Além disso, há um telefonista, cedido pela prefeitura, que atende as ligações. Assim que há um chamado, a equipe de plantão é acionada e vai até o local.
- Todos ficam de sobreaviso em suas casas ou trabalhos e só saem se forem chamados. Tem gente, por exemplo, que trabalha em banco, tem mais dificuldade de ficar de plantão de dia e só pode ajudar de noite. Não tem problema, os horários são organizados conforme a disponibilidade - explica o sub-comandante Édison Friedrich, 54 anos, que é servidor público e trabalha na secretaria de uma escola estadual do município.
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style="width: 50%; float: right;" data-filename="retriever">Entre as ocorrências atendidas, estão desde remoção de colmeias de abelha e captura de animais silvestres até salvamentos de acidentes, incêndios e afogamentos. Nesses casos de salvamento, a equipe faz o primeiro atendimento e prepara possíveis vítimas para a remoção, que só pode ser feita pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ou ambulância da prefeitura.
- Nesses últimos meses de pandemia percebemos uma grande diminuição de acidentes de trânsito, que é reflexo da diminuição do movimento nas ruas e rodovias - salienta o presidente interino da associação de Bombeiros Voluntários e cirurgião-dentista Dênis Gerbassi de Oliveira, 44 anos.
No inverno, as principais preocupações estão relacionadas aos cuidados com lareiras, fogões a lenha e estufas, que comumente são causadores de incêndios. No verão, as principais ocorrências estão relacionadas a incêndios em vegetação e afogamentos em rios. Apesar de não possuir mergulhadores, a guarnição auxilia com buscas de barco.
- Desde que fomos fundados, tivemos dois grandes períodos de seca, em 2012 e agora em 2020. Nesses anos, tivemos muito trabalho. Em 2012, o Morro Agudo, que é cartão postal da cidade, queimou durante nove dias. Neste ano, foi o Morro da Igreja, que teve mais de 100 hectares atingidos e onde trabalhamos por três dias e duas noites. Como são locais de difícil acesso, foi complicado. Mesmo quem não estava de plantão ajudou no combate, assim como bombeiros voluntários e militares de outros municípios - conta Friedrich.
PREVENÇÃO
Outra característica da atuação dos bombeiros voluntário é na prevenção. O sub-comandante relata que são realizadas palestras em escolas, explicando formas de evitar os mais variados tipos de acidentes, e também no interior, na conscientização para que não se faça uso de incêndios em plantações para o manejo das lavouras.
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- Percebemos que a incidência de queimadas para secagem de plantações diminuiu muito nos últimos anos. O que é bem importante, porque é muito fácil que se perca o controle do fogo durante essa ação.
A ESTRUTURA
Conforme Dênis, os recursos para aquisição de materiais e manutenção dos equipamentos é proveniente de parcerias com a prefeitura, Rotary Club do município e também por meio de doações da comunidade.
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Foto: Pedro Piegas (Diário)
O prédio utilizado pela guarnição é um anexo da Secretaria de Obras da prefeitura, que já era utilizado anteriormente pelos bombeiros militares.
- Nós servimos a comunidade e contamos com o apoio dela sempre por meio de doações. Quando compramos o caminhão de combate a incêndio, fizemos uma rifa com 100 números, e cada um deles custou R$ 1 mil. Todos foram vendidos. Como era um valor um pouco alto, as pessoas se juntaram e racharam os valores para compra dos bilhetes, porque entenderam que era um investimento importante para a segurança delas mesmas - destaca o engenheiro civil Emílio Dalmeyer, que é presidente licenciado e um dos fundadores do grupo.
VEÍCULOS
- Um caminhão de combate a incêndio de 3,2 mil litros
- Um caminhão de apoio para armazenamento de água de 15 mil litros
- Uma caminhonete Blazer para resgate veicular e primeiros socorros
- Uma caminhonete Pick-Up para transporte de barco e entrada de locais de difícil acesso
- Uma Kombi utilizada em campanhas, como a do agasalho
INSPIRAÇÃO PARA AS CRIANÇAS
Como o trabalho não é remunerado, o pagamento vem em forma de reconhecimento. Como o pequeno Théo Emanuel Rodrigues, de apenas 4 anos, que é fã dos bombeiros e quer seguir na profissão quando crescer. Tímido, ele passou em frente ao quartel em Agudo, na Avenida Borges de Medeiros, acompanhado da mãe e pediu para subir em cima do caminhão
- Bombeiros! Bombeiros! Eu quero ser bombeiro - vibrava o menino dentro do caminhão.
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Foto: Pedro Piegas (Diário)
A sede de bombeiros militares mais próxima da cidade fica em Restinga Sêca, a cerca de 30 quilômetros. Então, a existência da guarnição voluntária dá mais rapidez ao atendimento. Para os bombeiros, é gratificante receber o carinho da comunidade. Eles reiteram que, apesar de voluntário, o trabalho é feito com muito profissionalismo.
- Eu sempre penso, e procuro passar para os meu colegas, o seguinte: a vítima que está lá não me escolheu para fazer o salvamento. Mas, como eu me propus a atuar neste trabalho, preciso estar sempre preparado porque o primeiro contato pode ser crucial para salvar uma vida. O trabalho é voluntário, mas não pode nunca ser amador, porque estamos lidando com vidas - afirma o sub-comandante Friedrich.
TUPANCIRETÃ
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Foto: Divulgação
Entre 2017 e 2019, o número de ocorrências atendidas pelos bombeiros voluntários em Tupanciretã ficou entre 25 e 30, conforme Luis Afonso Costa, membro do grupo. Em 2020, só no primeiro semestre, o número saltou para 56, sendo a maioria de incêndios em residências. A associação tem 47 sócios fundadores, 15 membros na diretoria e 5 voluntários que trabalham no dia dia. Em breve, conforme Costa, um edital será aberto no município para inscrição de voluntários.
- Uma das nossas metas é a aquisição de um novo caminhão. Temos um caminhão de 1961, que veio da Alemanha e nos ajuda. A reforma do prédio também está nas metas. A sede é cedida pelo município e pessoas da comunidade estão organizando a reforma. Os recursos para manutenção são todos de doações, da prefeitura, de entidades, empresas e moradores - salienta Costa.
FAXINAL DO SOTURNO
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Foto: Divulgação
Com a pandemia do coronavírus, a presidente da associação de Faxinal do Soturno, Marinilce Rodrigues de Oliveira Gonçalves, relata que a arrecadação diminuiu consideravelmente. O tradicional jantar-baile organizado pelo grupo e demais eventos para angariar fundos não poderão ser realizados. Assim, a guarnição depende exclusivamente de doações da comunidade. São 23 bombeiros voluntários que se dividem em escalas para ficar de sobreaviso. A prefeitura ajuda com os gastos com combustível e cede um telefonista. As principais ocorrências atendidas são no verão, com os incêndios em vegetação. Durante a seca, a equipe auxiliou na distribuição de água no interior.
PARAÍSO DO SUL
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Foto: Divulgação
Fundada em 2012, a associação de Paraíso do Sul conta atualmente com 16 bombeiros voluntários que se dividem em equipes. O celular da guarnição sempre fica com um dos voluntários que está de plantão, que atende as ligações e é responsável por acionar os colegas em caso de ocorrência. De acordo com o presidente Leandro Stahl, todas as quintas-feiras, às 19 horas, tem a troca de equipe na sede da associação, que fica na Rua Augusto Rohde. Além de Paraíso do Sul, o grupo também é chamado eventualmente para atendimentos em outras cidades, como Novos Cabrais. Todos os recursos para a associação são oriundos de doações.
COMO PARTICIPAR
As associações estão aberta a todas as pessoas da comunidade que quiserem participar, seja com doações ou sendo um bombeiro voluntário. Para entrar na corporação é necessário:
- ter, no mínimo, 21 anos
- ter disponibilidade de, pelo menos, um turno para os plantões
- residir no município
- estar em condições físicas adequadas para as atividades de salvamento
Depois de fazer contato com os membros e manifestar o interesse, um treinamento é agendado para que a pessoa tenha noções de primeiros socorros, combate a incêndio e resgate veicular. Esse treinamento é feito com Associação de Bombeiros Voluntários do Rio Grande do Sul (Voluntersul), para que haja uma homogeneidade dos conhecimentos de todos os voluntários que atuam no Estado.
Agudo
- Contato - 193 (para emergências de moradores da cidade) ou (55) 3265-1333
- Doações - Caixa Econômica Federal, agência 1292, conta 013-150731
Faxinal do Soturno
- Contato - (55) 3263-2053 ou (55) 99624-5006
- Doações - Banrisul, agência 041, conta 26.099510.0-1
Paraíso do Sul
- Contato - (55) 99684-5832
- Doações - Sicredi, agência 0403 e conta 53106-5
Tupanciretã
- Contato - (55) 98408-7197
- Doações - Sicredi, agência 0333, conta 80248-4
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PROJETO DE LEI
O deputado estadual Elton Weber (PSB) protocolou na Assembleia Legislativa em junho o Projeto de Lei Complementar que reconhece o funcionamento dos corpos de bombeiros voluntários no Rio Grande do Sul. A proposta regulamenta o artigo 128 da Constituição Estadual, na parte que possibilita aos municípios organizarem serviços civis e auxiliares de combate ao fogo, de prevenção de incêndios e de atividades de defesa civil.
Para o presidente da Associação dos Bombeiros Voluntários do Rio Grande do Sul (Voluntersul), Anderson Jociel da Rosa, o projeto é um sonho de mais de 40 anos dos voluntários gaúchos.
- Dará, enfim, segurança jurídica às corporações, que, apesar de seguirem um modelo reconhecido internacionalmente, há décadas se vêm em discussões com o Estado sobre a competência das comunidades em prestarem esse tipo de serviço. Temos mais de 54 cidades com corporações voluntárias e 93 com bombeiros militares. Além dos mais de 300 municípios ainda sem seus corpos de bombeiros. São comunidades para as quais tanto o Estado pode concentrar suas energias na estruturação de corporações, quanto as comunidades podem agora se sentir mais seguras a estruturas seus próprios serviços de bombeiros - relata.
*Colaborou Janaína Wille